Testemunho

 

Maria, vamos lhe chamar assim, tinha 15 anos e num dia era uma adolescente normal, mas no dia seguinte era uma adolescente grávida! Lê o testemunho de alguém que podias ser tu, e que podia ter visto a vida dela alterar-se para sempre... 

 

Quando pensamos que certas coisas só acontecem aos outros como eu pensava, podemos chegar a uma altura em que nos acontecem a nós e aí ficamos a saber que podem acontecer a qualquer um.

E quando acontecem na altura não tem piada nenhuma acreditem.

Eu já sabia por aulas, palestras, etc que os preservativos podiam rebentar, e a pílula do dia seguinte nem sempre faz efeito, mas como todos também pensava que isso só acontecia aos outros, até que isso aconteceu comigo.

Não tomava a pílula mas andava a pensar colocar um implante até que um dia, ainda antes de o meter, depois de “estar” com o meu namorado quando ele me diz em estado de choque que o preservativo rebentou entrei um pouco em pânico, fiz algumas contas e estava no período fértil o que piorou a nossa reacção mas felizmente lembramo-nos de ir comprar a pílula do dia seguinte, tomei-a passando umas horas aseguir ao “acidente”.

Nas semanas seguintes a pensar que estava tudo bem, como o meu período foi sempre irregular não me preocupei muito, mesmo quando já tinha um atraso de 2/3 semanas, mas como nunca mais vinha e o meu namorado insistiu muito comigo, decidi ir ao médico para tirar todas as dúvidas, pois não tinha os sintomas básicos da gravidez, como por exemplo, os vómitos e assim. A médica disse-me para fazer análises ao sangue e a urina e depois via-se o que fazer dependendo do resultado e teria que ir ter com ela ao centro de saúde na segunda-feira.

Já com um mês de atraso numa sexta-feira de manhã fui fazer as análises e fui buscar o resultado durante a tarde. Quando abri o envelope com o resultado das análises e vejo a palavra “Positivo” por baixo da frase “Teste de Gravidez”, poucos sabem como me senti, entrei completamente em estado de choque, já não sabia o que ia fazer. Não podia contar a minha mãe que a reacção dela não deveria ser muito agradável mas não lhe podia esconder isto para sempre, pois sendo menor não podia fazer praticamente nada. Sou completamente contra o aborto, mas com 15 anos como iria ser a minha vida com um filho, não tenho paciência nem maturidade para ter um filho, eu teria que deixar a escola para ir trabalhar, que a minha mãe não tem possibilidades para cuidar de mais uma criança.

Durante o fim de semana veio-me o que parecia o período, o que me deixou preocupada, pois o teste foi positivo.

Na segunda-feira fui ao centro de saúde falar com a médica, contei-lhe da hemorragia e ela deu-me um envelope para me dirigir de urgência ao hospital, mas para isso teria de contar tudo a minha mãe e então falei com uma amiga minha cuja mãe é médica e fui ter com a mãe dela ao centro de saúde onde trabalha perguntar-lhe o que poderia tar a passar-se. Fui fazer outras análises para saber como estava o nível do HCG e aumentou mas foi uma coisa minima sinal segundo ela que deveria estar a ter um aborto, graças a mãe da minha amiga fui ao hospital fazer uma ecografia feita por um colega de trabalho dela, nesses dias estava mesmo muito preocupada pois andava a com uma hemorragia muito grande e já parecia uma “morta-viva” coisa que fez com que a minha anemia voltasse. Na ecografia o que o médico me disse é que só tinha a bolsa onde deveria estar o feto mas não estava, pelo tamanho da bolsa deveria estar grávida de 6 a 8 semanas, e nessa altura já se deveria ver algo em concreto, como o coração.

Disse que eu teria de fazer outra ecografia passando o tempo de mais ou menos uma semana para saber se a bolsa iria sair sozinha.

Depois de passar mais de uma semana com a hemorragia e com dores horriveis já mal tinha forças e uma professora minha, a minha directora de turma reparou que eu estava muito pálida e que alguma coisa se estava a passar, também por causa das faltas que já tinha. Eu contei-lhe o que se estava a passar e ficou bastante procupada comigo.

Devido a estar bastante procupada decidiu levar-me ao hospital para poder ser vista por um/uma especialista, mas para isso tinha de falar com a minha mãe, coisa que não queria pois tinha medo da sua reacção.

Numa quarta-feira de manhã antes de ir para o hospital eu e a minha directora fomos falar com a minha mãe, deixando-a preocupada.

Ao chegar ao hospital dirigimo-nos a zona da maternidade/ginecologia, sentamo-nos na sala de espera, em cadeiras em que nem sequer nos podiamos mexer pois chiavam mesmo muito o que não era lá muito confortável, não imaginam o que é para uma míuda de 15 anos tar sentada e para qualquer lado que se olhasse só havia mulheres com uma barriga enorme, não é muito agradável pensar que podia também chegar aquele estado. Nesta altura a hemorragia já tinha praticamente acabado, mas ainda tinha alguma, fiz outra ecografia, mas como não tinha as imagens da primeira ecografia para comparar e a médica mandou-me voltar lá na semana seguinte.

No final da ida ao hospital eu e a minha directora de turma fomos falar outra vez com a minha mãe, contando tudo. Quando a noite estive com a minha mãe deu-me bastante na “cabeça” mas estava mais preocupada do que chateada, fiquei bastante admirada com a reacção dela, pois eu pensava que iria ser muito pior.

Na semana seguinte, dirigi-me outra vez ao hospital mas desta vez com a minha mãe, todo o caminho com um silêncio constrangedor, o qual era muito desconfortável, depois de chegar lá voltei a fazer uma ecografia, e aí já não tinha nada, felizmente. A médica informou a minha mãe que o melhor agora era começar a tomar a pílula, mas melhor mesmo é o implante que durante 3 anos não voltaria a ter problemas destes.

Nos dias seguintes passou o tempo todo a perguntar quando iria ao médico para meter o implante, sempre preocupada.

Felizmente acabou tudo bem, mas poderia não ter acabado assim, ainda posso dizer que tive alguma sorte no meio disto tudo, pois a pessoas que podem não ter a mesma sorte.

Acreditem quando vos dizem que as coisas não acontecem só aos outros, as coisas podem ACONTECER A QUALQUER UM.

Como a minha professora diz de todos os métodos existentes o único método 100% fiável para não engravidar é a abstinência, os outros mesmo com quase 100% nem sempre resultam, o qual foi o meu caso.